sexta-feira, 4 de setembro de 2009

Melhor futebol do mundo...



Amanhã a seleção de futebol da Argentina mostrará quem manda no cenário futebolístico internacional: evidentemente, los hermanos.

segunda-feira, 17 de agosto de 2009

O Império Contra-ataca...




O programa “Repórter Record” de ontem (16/08/09) esquentou ainda mais os ataques mútuos entre a Igreja Universal e a Rede Globo. Durante aproximadamente 1 hora, o programa da emissora iurdiana rebateu as acusações do Ministério Público Estadual de São Paulo e da emissora da família Marinho abordando, entre outros pontos, a trajetória da Rede Globo e seu envolvimento com a ditadura militar, juntamente com a sua inserção conservadora na sociedade brasileira, citando inclusive o documentário da BBC sobre o assunto (Muito Além do Cidadão Kane, de 1993) e a manipulação de pesquisas sobre o debate final entre Collor e Lula na corrida presidencial de 1989.
O surgimento da Globo, as concessões obtidas em função do apoio ao regime militar e a situação financeira em declínio da emissora fundada por Roberto Marinho foram destacados no programa da Record, buscando enfatizar os malefícios resultantes do monopólio da informação adquirido pela “vênus platinada” nas últimas décadas. Segundo o programa de ontem, esse monopólio da Globo estaria ameaçado atualmente pelo crescimento da Rede Record, daí as críticas sofridas por esta última, em especial no tocante à atuação e à conduta de seus proprietários, ou seja, os bispos da Igreja Universal liderados por Edir Macedo.
A fim de conferir maior relevância ao argumento desenvolvido, o programa trouxe uma entrevista exclusiva com o bispo Edir Macedo, dono da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) e da Rede Record de Televisão, que rebateu todas as acusações e ressaltou a perseguição que ele e os membros de sua igreja sofrem por determinados setores da sociedade brasileira. Nas palavras do próprio bispo, a IURD e a Record “vão arrebentar”, isto é, continuar cada vez mais se expandindo pelo Brasil e pelo mundo.
O curioso é que o destino dos milhões de reais em dízimo obtidos pela IURD, e que são aplicados na Record, novamente não foi minimamente esclarecido.

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

Platoon e a memória da Guerra do Vietnã


A Guerra do Vietnã (1962-1975) foi um dos mais sangrentos conflitos do século XX, deixando um saldo de mais de 1 milhão de vietnamitas e mais de 80 mil soldados estadunidenses mortos. A intervenção militar do exército dos EUA representou a radicalização do conflito e um verdadeiro banho de sangue na antiga região colonizada pelos franceses desde fins do século XIX (a chamada Indochina), e foi iniciada após a independência do país (1954), dividido pela ONU em duas regiões distintas: o Norte (comunista) e o Sul (cujo governo ditatorial era apoiado pelos Estados Unidos). Com a proximidade das eleições que decidiriam os rumos da reunificação do Vietnã e com o forte apoio popular aos comunistas liderados por Ho Chi Mihn, o governo estadunidense decidiu enviar tropas para a região, a fim de evitar o famoso "efeito dominó" que a emergência de um país comunista no Sudeste Asiático poderia proporcionar no âmbito da Guerra Fria.
Apesar de não existir mocinhos nem vilões no processo histórico de modo geral, a Guerra do Vietnã teve dois perdedores básicos: o povo vietnamita, que foi massacrado pelas tropas invasoras, e o exército estadunidense, que teve lidar com o maior fracasso militar de sua história, uma memória traumática que até hoje gera inúmeras e calorosas discussões pelo mundo.
É em meio a este pano de fundo que o filme Platoon foi produzido, no ano de 1986. Dirigido por Oliver Stone e com um elenco de primeira linha, como Charlie Sheen, William Defoe, Tom Berenger, Forest Whitaker e Jonhny Deep, o filme aborda a dura realidade do conflito para os lados envolvidos, desconstruindo a visão lúdica e redentora da intervenção estadunidense no Vietnã transmitida pelos órgãos oficiais do governo dos EUA.
Com enfoque sobre a trajetória no conflito do recruta Chris Taylor, interpretado por Charlie Sheen, são abordados diversos aspectos inerentes à esta guerra, como a postura dos militares em relação aos civis, às hostilidades entre os distintos modos de perceber o conflito entre os próprios soldados do exército ianque, a origem social diversificada dos sujeitos envolvidos, as razões e repercussões da guerra na vida dos protagonistas, entre outros pontos.
Mas o grande mérito do filme com certeza, pelo menos de acordo com meu ponto de vista, é atualizar e discutir a memória sobre a Guerra do Vietnã, com enfoque sobre o modo como ela é percebida por aqueles que participaram direta ou indiretamente das atividades belicosas, e como ela ainda representa uma ferida não cicatrizada no modus operandi da sociedade estadunidense, marcada pela retórica da liberdade, mas que tenta omitir o caráter intervencionista e conservador de suas ações em vários países do mundo; neste caso, o Vietnã.

Disputa pela hegemonia midiática

Olhem a nova guerra midiático-religiosa entre Globo e Record, ou entre o conglomerado da família Marinho e o império de Edir Macedo: http://www.youtube.com/watch?v=EuyfXUDT_V8
Isso lembra bastante 1995, na chamada "guerra santa" entre as duas emissoras, iniciada depois que o pastor da IURD chutou uma imagem de Nossa Senhora da Aparecida.

CINEMA OBSCURO #1


Essa coluna se dedica a falar/resgatar/detonar/exaltar pérolas obscuras do cinema.

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Canibal Ferox

por Lucas Lopes

Entre os amantes do cinema underground (aproximadamente um seleto grupo de 7 sobreviventes – sim 7 é um número místico) esse filme também é conhecido como Canibal Xérox, tamanha a chupação de idéias de outros filmes do gênero e de cenas de documentários do estilo de Animal Planet contidas nessa pérola do cinema italiano de 1981.

Canibal Ferox, dirigido por Umberto Lenzi, foi a ultima produção do ciclo de filmes italianos sobre índios canibais, iniciado em 1972 com o próprio Lenzi dirigindo Mundo Canibal (Man From Deep River / Paese del sesso selvaggio, Il). Desde que surgiu esse subgênero do horror, os filmes tornaram-se cada vez mais violentos, eliminando pudores acerca de cenas de nudez, violência e sexo explícito, e matança real de animais, o que nem sempre tem alguma relação com o enredo, mas coopera enormemente na árdua tarefa de chocar corações inocentes que venham a assistir um filme que exibe com enorme orgulho em sua capa inscrições como “O filme mais violento de todos os tempos” e “Banido em 31 países”.

Para início de conversa, quase todos os atores do filme são italianos mas se escondem atrás de pseudônimos em inglês, como por exemplo Giovanni Lombardo Rarice que está creditado como Mike Logan, e Maria Fiamma Maglione, “disfarçada” de Myrna Strand. Além disso, são exibidas diversas cenas em Nova York que tem ligação quase nula com a história principal, mas são importantes por fazer o espectador acreditar que está vendo um filme americano.

A história começa em Nova York, como um rapaz andando pelas ruas da cidade enquanto são exibidos os créditos do filme (em inglês, que chique!), ele entra em um prédio e vai até o apartamento de um amigo, onde na verdade encontram dois bandidos que o chamam de shitface, dão uns pescotapas nele e dizem que seu amigo é fornecedor de cocaína e que deve muito dinheiro. Depois de o sujeito dizer que não sabe o paradeiro do amigo, matam ele. Imediatamente a imagem é cortada para uma cena aérea do rio Amazonas, que eu tenho certeza já tê-la visto outro lugar, provavelmente no ótimo Holocausto Canibal, de Ruggero Deodato, mas eu acho que na verdade ela foi chupada de algum documentário.

A seguir são apresentados os nossos heróis: Gloria, que está trabalhando em uma tese de doutorado em antropologia na qual defende que o canibalismo nunca existiu em uma sociedade minimamente organizada, e está na América do Sul procurando pela tribo Manyoka, que segundo uma famosa revista americana, pratica canibalismo até os dias de hoje; Rudy,que é irmão de Gloria e está no filme somente para aumentar o número de mortos; e Pat, a amiga-gostosa-piranha-que-dá-pra-todo-mundo que está somente acompanhando Gloria e contribuindo para o filme com muita nudez gratuita. Os personagens estão em uma pequena cidade às margens do rio Amazonas na divisa da Colômbia com o Paraguai, agora, me digam vocês onde diabos você acha que se localiza essa cidade?

Os três pretendem pegar uma balsa e entrarem de jipe selva adentro sem ao menos a companhia de um guia. Dentro da balsa, ganham de um policial (que acabara de comer a amiga piranha da protagonista em troca de deixá-la usar o chuveiro da casa dele, já que, inexplicavelmente não havia nenhum outro lugar na cidade onde se pudesse tomar banho) um furão, animalzinho simpático que segundo ele trás sorte para os donos. Ao entrarem na selva, obviamente a primeira coisa que acontece é o jipe atolar. A segunda é o furão morrer, devorado por uma jibóia. A terceira é eles decidirem continuar mesmo assim.

Não passa muito tempo e encontram dois sujeitos perdidos no meio da mata, que dizem terem sido atacados por malvados índios canibais que torturaram e deixaram apodrecendo em um toco no centro da aldeia o seu guia brasileiro (eu achei que índios canibais prefeririam comer a carne do cara ao invés de deixá-la apodrecer, ma tudo bem, sigamos...).

Depois de algumas cenas de animais morrendo e de nudez gratuita somos surpreendidos com uma bombástica revelação de um dos caras que estavam fugindo dos índios. Ele diz que na verdade o amigo dele vendia cocaína em Nova York (lembram do começo misterioso do filme?) e estava endividado, vindo para a América do Sul buscar esmeraldas que o deixariam rico(!). Além disso, o cadáver putrefato na aldeia não era de seu guia, era de um índio que foi tortura para revelar onde estariam as esmeraldas. Por isso os índios estão atrás deles.

Bom, acho que já falei demais, então vou dar uma adiantada: mais animais morrem sem conexão nenhuma com o enredo. Depois os mocinhos são capturados: o cara mal, torturador de índios, vendedor de cocaína e que almejava esmeraldas tem seu pênis cortado e devorado por um dos índios, que faz questão de curar a ferida para o infeliz ter uma morte lenta e dolorosa. A amiga gostosa tem os peitos perfurados por enormes ganchos de metal afiados e industrializados, que não se sabe como chegou às mãos dos índios, e depois é erguida, morrendo de dor, literalmente. O amigo do traficante morte devido a ferimentos anteriores adquiridos no processo de fugir dos índios. O irmão da mocinha tenta fugir, se esconde num lamaçal cheio de piranhas (peixes mesmo) que começam a devorar sua perna, então os índios o acham graças á seus gritos de dor e o matam. O cara que teve o pau cortado consegue fugir, chega a ver um avião sobrevoando a floresta, mas obviamente nós sabemos que ele não vai sobreviver (afinal de contas, ele já teve o pau cortado!), então os índios o capturam novamente arrancam seu escalpo e comem seu cérebro como se fosse pipoca, em uma cena extremamente realista. E a mocinha... bom... não me lembro o que acontece com ela, mas deve ter morrido também.

Enfim, o filme trás cenas bastante realistas e bem feitas, mas também coisas extremamente trash, mas como o próprio diretor Umberto Lenzi declara nos comentários do DVD, este filme não é feito para entreter, é feito para chocar. É interessante também um relato no qual o ator John Morghen (na verdade esse é o pseudônimo dele) diz que Lenzi pediu a ele que esfaqueasse um porco preso em uma armadilha, mas como o ator se recusou a fazer isso, o próprio Lenzi matou o bicho e depois editou uma montagem juntando sua mão com uma cara de sádico feita por Morghen e depois afirmou: "Se eu pedisse para Robert DeNiro fazer isso, ele faria". Morghen respondeu: "Se você pedisse para o DeNiro, ele chutaria de volta o seu traseiro até Roma!".

Para terminar gostaria de dizer que o filme não é nem de longe um clássico, e não considero nem um pouco recomendável. É simplesmente uma sessão de sadismo, que ao contrário de seu antecessor Holocausto Canibal (que apesar de muita sanguinolência tem uma produção caprichada e sem furos de roteiro, além de belas fotografia e trilha sonora) não tenta trazer à tona uma discussão sobre quem são os verdadeiros selvagens, mas aponta na cara do espectador e grita: “VOCÊ É UM CANIBAL PORRA!!!!!!”

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

A TV iurdiana

Frente às acusações de lavagem de dinheiro e formação de quadrilha pelos bispos da IURD (Igreja Universal do Reino de Deus), as lideranças da Record não perderam tempo em divulgar informações e transmitir reportagens sobre o "papel social" que a IURD empreende no Brasil e no mundo, buscando desconstruir as acusações recentes.
Apesar da emissora declarar-se "laica", a Rede Record de Televisão tornou-se, desde que a IURD a adquiriu, num espaço destinado a defender os interesses da cúpula iurdiana contra múltiplos grupos hostis à seu crescimento na sociedade brasileira, como as organizações Globo e a Igreja Católica. As acusações contra a igreja são rechaçadas pelo discurso vitimizador que suas lideranças praticam, ou seja, as críticas contra a IURD somente ocorrem em função de uma suposta "perseguição" contra todos os sujeitos que a integram, críticas essas que vão contra o texto constitucional que prevê a liberdade religiosa no país, um ponto bem ressaltado pelos iurdianos em seu aparato midiático.
A equação é simples: se os membros da IURD sofrem perseguições, devem buscar ampliar seus espaços e campos de ação a fim de defender os interesses da igreja. O problema é que nisso estão incluídas justamente a razão principal de sua megaexpansão: a lavagem de dinheiro, a formação de quadrilha e mais uma infinidade de práticas ilícitas, do ponto de vista jurídico-fiscal; marcadas registradas de Edir Macedo e companhia ilimitada.

A casa caiu...

O Ministério Público Estadual de SP abriu ação criminal contra Edir Macedo e outros bispos da Igreja Universal sob a acusação de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro. Segundo dados da Folha de S. Paulo, entre os anos de 2001 a 2008, o MP calcula que os líderes da igreja tenham transferido e depositado de forma ilícita um valor em torno de R$ 8 bilhões de reais.
O dinheiro, arrecadado principalmente através de dízimos de fiéis, teria sido encaminhado para paraísos fiscais (como as Ilhas Cayman) e voltado ao Brasil e servido para comprar emissoras de TV e rádio, agências de turismo, financeiras, jatinhos, entre outros itens. Boa parte dessa dinheiro têm servido, nos últimos anos, para a expansão vertiginosa da Rede Record de Televisão, cuja proprietária é a própria Igreja Universal.
Agora os acusados têm que responder pelos crimes e, o item mais complicado para eles, comprovar a origem do dinheiro. A casa caiu...